terça-feira, 6 de dezembro de 2011

"Não precisa morrer pra ver Deus"



Acho que a maioria das pessoas, como eu, imagina uma morte que nos conduza a um lugar melhor - não sabemos se para uma inimaginável eternidade, ou se por um novo ciclo. Imagino que nesse momento terei com Deus, e que este, personificado (pois que nos criou "à sua imagem e semelhança"), me desvendaria todos os mistérios que não fui capaz de compreender em vida.

É preciso, então, morrer pra ver Deus? O Criolo acha que não, e eu tentei entender por quê.

"Existem apenas duas maneiras de ver a vida: uma é pensar que não existem milagres, e a outra é que tudo é um milagre."
Albert Einstein

Existe um Deus, sei lá, humanóide? Alguém com um corpo e um rosto, mãos e pés? Usa roupas, anda nu? Terá o aspecto masculino que tanto insistiram em lhe atribuir, ou será feminino? Neutro, indizível? Ele existe?

Ou "Ele está dentro de nós"?

Ou será cada folha, cada flor e cada bicho, cada molécula e cada átomo de cada um deles? A luz, o som, a direção e a velocidade do vento? Será que não são eles, diante de mim o tempo todo, o próprio Deus? Não, não uma mensagem ou uma representação, mas O PRÓPRIO DEUS?

Não estariam todos enganados ao esperar pelo momento de se regenerar? De ver e conversar com alguém que está aqui o tempo todo?

Acho que não custa tentar ver tudo por esse prisma. O máximo que pode ocorrer é se dar conta de que tudo o que é, e que existe por uma razão, é mesmo mais do que explicável. É tudo um enorme milagre.

Mas tudo isso sem se deixar enganar pela beleza. Não são as grandes paisagens a maior prova de que ele existe. As orquídeas são belas, mas são as batatas e as couves que nos alimentam. São elas, também, um não menos importante milagre.


João Rodrigues