terça-feira, 8 de abril de 2008

Esses tais relacionamentos...

Não se engane com aquela visão maniqueísta de que relacionamento aberto é sinal de falta de compromisso, de união, de amor; pelo contrário, sou daqueles que acreditam que, quem ama mesmo, doa a quem doer, vai preferir ver seu companheiro feliz.
Me inclino a acreditar que a maior parte das frustrações humanas no domínio dos relacionamentos se deve a uma falsa expectativa de ter encontrado alguém que está pronto a se anular por você, quando, na realidade, encontramos pessoas que estão tão em busca da própria felicidade quanto nós mesmos; se por acaso essa pessoa parece estar trilhando o mesmo caminho que você, ôtimo! Você tem alguém com quem seguir junto. E serem felizes juntos é possível, mas acredite, muito dificilmente alguém sacrificará sua propria felicidade unicamente pela satisfação de outra pessoa (não se trata de não acreditar em altruísmo, novamente não me confunda!).
Todo mundo tem seu lado hormonal, de desejo; sendo racional ou não, o ser humano também é um animal. Todo mundo olha pra outras pessoas e pelo menos uma vez na vida se pergunta se está pronta pra renunciar a todas em nome de uma única. Não há porque se sentir mal por causa disso, nem tampouco se questionar se você ama de verdade ou não seu companheiro. Por melhor que seja sua casa, você viveria morrendo de curiosidade de saber como é lá fora se você soubesse que está voluntariamente trancado nela, ao passo que se a porta está aberta, por mais contraditório que pareça, é aí que você não tem vontade de sair; porque aí, você sabe que pode atravessar essa fronteira a hora que quiser, que nunca será necessariamente agora.
Há quem siga a monogamia estrita sem a menor dificuldade, não duvido, mas o que mais me entristece são os que dizem fazer isso e, na prática, a história é bem outra. Arrisco sem medo que 90% dos meus amigos que se dizem incondicionalmente fiéis e que ficariam devastados se soubessem de uma traição do(a) companheiro(a) "pulam a cerca" sim, às vezes até regularmente, mas dão as mais diferentes e absurdas explicações pra não admitirem que estão traindo.
Pra mim, o que se chama traição não é o ato em si de ficar com outra pessoa, mas sim fazer uma pessoa acreditar que ela é única quando, na realidade, não é. Se o contrato prevê que as coisas vão ser diferentes, então ótimo, ninguém está traindo ninguém porque no final das contas, ambos estão cientes dessa condição. Ou será que é justo exigir de uma pessoa aquilo que nem você seria capaz de cumprir?
Por isso, sem querer fazer propaganda - porque a felicidade é um caminho de cada um e eu acredito sim na fidelidade plena -, proponho apenas aos meus amigos que procurem ficar em paz com sua alma se fazendo essa pergunta: o que eu quero condiz com o que eu estou fazendo, ou eu que nunca parei pra me perguntar de verdade o que eu quero?

Boas conclusões.

João Rodrigues