sexta-feira, 16 de maio de 2008

Carpe diem


"Há três caminhos para a virtude:
A reflexão, que é mais nobre,
a imitação, que é mais fácil,
a experiência, que é mais amargo."
Confúcio

Não é nada fácil a vida daqueles que amam. Não se chega ao amor senão pela construção, dedicação, paciência, insistência; mais fácil é a vida daqueles que se apaixonam e, ao sabor das situações, se desapaixonam e apaixonam-se novamente.
Não, não estamos falando de relacionamentos. Não apenas deles. Amamos muito mais que uma pessoa a quem decidimos designar namorado(a); amamos também nossa vocação, nossos resultados, amamos alguma ciência ou filosofia, algum bicho de estimação, alguma paisagem que não trocaríamos por nada. Amamos também a família e diversas outras pessoas, que de muitas formas conectam-se às nossas vidas e, com a mesma dificuldade, nos obrigamos por vezes a desamá-las.
Mas aquele que vê com paixão o mundo que vive, aproveita muito mais. No carpe diem, não há envolvimento, doação, construção: há um referencial que tem 24 horas para encontrar seu sentido, e se contenta em moldar sua fôrma ao invés de se entregar à maçante tarefa de procurar aquilo em que se reconheça. O que vier, é lucro, e as outras 24, 48, 72 horas, aí já são outra história.
Certo ou errado? Isso, não é a mim que cabe decidir. A plenitude é um caminho individual que nunca deixará de ser dotado ora de satisfações, ora de frustrações.
Inegavelmente, a cigarra aproveita o dia muito melhor que as formigas - mas só até o inverno.

João Rodrigues

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Sobre carência e sentido


A vida é uma seqüência de apreensões e repetições subjetivas dos fenômenos que se nos apresentam.

O que quero, no fundo, é que faça sentido. Tenho carência desse sentido que se constrói em referenciais; enlouqueço quando perco esses referenciais, que potencialmente estão ali: no outro.

É no espelho que entendo quem sou, é por essa imagem que me amo. Se me foram dados olhos, foi para que pudesse ver fora de mim; se o que tem sentido está dentro, não chego a ele senão por aquilo em que reverbero: o outro.

João Rodrigues