terça-feira, 22 de julho de 2008

Aquilo a que chamamos rosa

"Aquilo a que chamamos rosa, mesmo com outro nome, cheiraria igualmente bem", disse uma certa Julieta a seu Romeu. A referência aqui é ao fato de não poder ele, um Montecchio, poder viver ao lado de sua amada, uma Capuleto, famílias mortalmente inimigas.
E quanto a nós, como lidamos com os nomes que nos cercam? O que muda quando um rolo muda de nome pra namoro, uma filosofia para uma religião, um gosto por um grupo, um réles mortal para um doutor? Por quê tudo muda tanto quando estampamos o rótulo certificando tudo o que aquilo sempre foi ou esteve?
Se um dia quiser experimentar, eu recomendo: viva algo sem nome. É inigualável essa sensação de poder saborear a vida sem saber o que ela foi, é ou deveria ser, como se nunca estivéssemos amarrados aos conceitos prévios que estão aqui na gente, por toda parte. É isso que eu prefiro, viver as coisas como se elas fossem totalmente novas, porquê elas o são: minha experiência é imensamente mais dolorosa ou deliciosa do que qualquer coisa que um dia já me contaram sobre ela.
No fundo, acho que só botaram nome em tudo para imortalizar o que é tão passageiro quanto nós: nenhuma flor, momento ou pessoa são para sempre; o que fica é o que nos é verdade, mas naquele momento.
Se lhe apetecer, deixe por hoje a rosa, a flor e a planta serem algo novo para você, e me diga quantos perfumes diferentes ela passará a ter.

João Rodrigues