domingo, 17 de agosto de 2008

Notas sobre a nostalgia


Aqui não há controle, nem alívio, nem cura.
Aqui dentro é um amontoado do que, pra todo o resto, se chama "linha do tempo". Essa minha linha está enovelada em um carretel todo embaraçado.
Pra mim, nunca é o fim do começo nem começo do fim.


Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Simples demais

Pois é, eu também já me atrevi a escrever poemas (e româticos). Esse foi aos 19, essa época fofa em que a gente ainda é idealista e acha que conformação é coisa de fora que não nos atinge.
Como eu achei esse digno, resolvi postar até passar a bagunça de idéias - se é que isso passa.


Simples demais

Queria ser (só pra você) aquele cara lindo
que faz poemas e adora MPB
E que tudo o que faz encanta você
Como o lirismo doce das belezas simples e sem sentido

Mas o que a gente não conhece, a gente inventa
O que a gente não entende, a gente enfrenta
O que não demonstra, ao menos tenta

E me esforço por evocar palavras complexas
Como se palavra qualquer carregasse o sentido
De tudo isso que você faz comigo

Ou como se eu pudesse expressar
melhor do que isso, simplesmente assim
Com esse poema de lápis e papel
tudo aquilo que você é em mim

Melhor se fosse simplesmente
Simples e suficiente
Esse meu olhar que te devora
De te querer agora
Desse coração que dispara
Simplesmente por te conter

João Rodrigues