quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A droga lícita



Vamos direto ao cerne da questão: tô vendo uma porção de gente dando a maior lição de moral usando os "ensinamentos" do Tropa de Elite. Coisinhas do tipo "é você quem financia essa merda" e coisa que o valha. Então vamos discutir um pouco sobre as ideias dessa esplendorosa produção Globo Filmes e tentar de verdade entender algumas coisas.


- Por que é o usuário quem "financia essa porra"? 
Porque vai até a favela comprar. 


-E, hmmm... por que ele vai até a favela comprar? 
Porque é usuário de uma droga ilícita. 


-E... ué, mas por que é ilícita? 
Porque possui efeitos morais e psíquicos capazes de alterar o comportamento de uma pessoa. 


Pesquisando minuciosamente ao longo de vários segundos no Google, você pode constatar que há uma droga com essas mesmas características, mas perfeitamente legal; literalmente legal, aliás, porque eu tô pra ver um album de fotos por aí que não tenha pelo menos uma fotinha da pessoa toda orgulhosa com uma latinha de cerveja ou uma garrafa de vodka na mão. E alguém já deu uma folheadinha de nada em algum livro de história pra tentar entender por que raios o álcool é lícito e a maconha, ilícita?


-Você já ouviu falar em morte por excesso de canabis? E de álcool?
-Você já ouviu falar em brigas que começaram por causa da maconha? E por causa do álcool?
-Você já ouviu falar em famílias destruídas por causa da maconha? E por causa do álcool?


No final das contas, não são duas drogas, não são as duas maléficas, não têm as duas efeitos psíquicos capazes de levar a pessoa a fazer besteira? Realmente é tão diferente assim encher a cara no final de semana e fumar um baseado?


E se o álcool fosse ilícito, como já tentaram fazer várias vezes ao longo da história, você se conformaria em deixar de consumir? Só pra lembrar, ele já era proibido para você antes de completar 18 anos... mas você nunca deu seu jeitinho de conseguir?


Bom, a história é longa, e se estiver com paciência, segue aqui uma sugestãozinha:
http://www.downgratis.com/videos/historia-da-maconha/


Quem me conhece, sabe perfeitamente que não sou usuário - pelo simples fato de já ser naturalmente bem tranquilo -, então esse post serve para dar minha contribuição singela contra dois dos piores males dessa nossa sociedade: a desinformação e a hipocrisia, o caminho natural de quem só lê a página da frente do jornal ou se conforma com as "críticas" Globo Marcas.


João Rodrigues

4 comentários:

Isa Sorrentino disse...

Muito bem, Johny! Ontem vi na Ana Maria Braga (hihihi) uma cena muito interessante: ela, entrevistando uma psiquiatra especializada em atendimento a dependentes, começou com o velho discurso de que a maconha é porta de entrada para as drogas. A psiquiatra respondeu mais ou menos assim: essa questão de porta de entrada é muito discutível, mas geralmente as pessoas começam no álccol, depois vão para o tabaco, depois para a maconha, cocaína, etc... Ou seja: se é para falar em porta de entrada, as duas primeiras drogas são justamente as lícitas. Não precisa ser muito inteligente para entender isso. Basta, como você disse, não ser hipócrita.
E aproveitando a deixa... Saudades!!!

Lu Mara disse...

Sou sua fã!!! Um dia escreverei assim!!!

Johnnÿ disse...

Hahaha Lu, sua linda!

Roberto disse...

O usuário financia o tráfico e também a violência, em parte. Concluir isso não é ser hipócrita é apenas uma constatação de fatos. Obviamente, há várias variáveis que ignoramos para chegar a essa conclusão, porém não deixa de ser verdade. Um problema é que a "intelectualidade" de classe média insiste em misturar as coisas: eu uso mesmo, o álcool é pior e não é proibido. Acredito que, falar mal do usuário de drogas quando se acha normal assistir a uma propaganda de cerveja na televisão é ingenuidade, quando se bebe é hipocrisia. Porém, consumir drogas ilícitas e não ser dependente, arrumando justificativas duvidosas, sabendo das possíveis consequências é burrice. Não acreditar no financiamento do tráfico pelo consumo é ignorância, não se importar é indiferença.