A "nova" geração Y só quer saber de novidades. É caracterizada pela falta de fidelidade em relação às coisas e às pessoas (quase como se estivessem no mesmo nível). E essa ausência de fidelidade ainda não é a falta de "amor", não, mas a falta de novidades desse amor. É preciso que a coisa (ou a pessoa) ofereça cada vez mais, cada vez melhor, sem repetição. O tempo todo é preciso haver estímulos, excitações, surpresas; sem eles, ainda que haja "amor", a geração Y simplesmente enjoa.
Falta de fidelidade entendida aqui como falta de desejo de continuação, de degustação plena daquilo que nos estimula. A quantidade de informação e de possibilidades é tão absurda que chegamos a nos sentir aflitos em parar para vivenciar certas coisas em detrimento de outras. Aliás, já não se vivenciam mais as coisas, porque elas simplesmente não acontecem: elas apenas passam por nós.
E aí eu me pergunto: quão perto da sociedade do Admirável Mundo Novo não estaremos nós? Huxley descreve uma sociedade promíscua e sem família (todos nascem de laboratório), em que não podemos nos apegar às pessoas, simplesmente às coisas; uma sociedade em que a morte dos amigos mais presentes é festejada, e a menor insatisfação é combatida com uma droga - ninguém é obrigado a passar por dor ou privação alguma. Quantas metáforas temos aí da sociedade que vivemos hoje?
Exagero? Bom, na verdade, não tenho porque crer nisso. Afinal, essa geração Y é a nossa, que já estamos ficando para trás. Os adolescentes da segunda década do século XXI já são parte da geração Z. O que será que podemos esperar daqui para frente?
João Rodrigues